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domingo, 29 de setembro de 2013

Tirana - Albânia

Saindo de Skopje não é nada fácil chegar a Tirana. Não existem opções de voos diretos, os disponíveis fazem escalas longas em Atenas, Istambul ou Belgrado. Também não existem trens. Tínhamos 03 opções: ónibus que duraria umas 6 horas; aluguel de carro, o que era impraticável porque as locadoras não aceitam devolução do carro na Albânia ou carro particular com motorista que custaria 200 euros, caso quiséssemos, poderíamos acrescentar mais 100 euros e fazer uma parada de 2 ou 3 horas em Pristina no Kosovo, o que era bem interessante, apesar do Itamaraty não aconselhar que brasileiros entrem no Kosovo, pois o Brasil não reconhece aquele país e, no caso de problemas, não poderíamos ser ajudados. Depois que pensamos que, no caso da parada em Pristina, teríamos que deixar nossas malas no carro com um desconhecido; decidimos ir de ônibus. A passagem custa cerca de 20 euros (são 02 opções de horário. Saída às 6:00h da manhã ou Saída às 23:00hs).

A passagem pode ser comprada com antecedência na principal estação de ônibus de Skopje. Apesar de preocupados em chegar no horário na estação, escolhemos sair pela manhã (6:00h). O serviço de taxi por telefone em Skopje funciona muito bem. Liguei no dia anterior e agendei. No dia seguinte, liguei 1 hora antes do combinado e o atendente confirmou meu pedido, dizendo que o motorista chegaria 15 minutos antes. Feito. O preço também é muito barato (uns 10 reais, incluindo malas e o horário 2).

Apesar de uma distância de apenas 300 quilômetros e da previsão de 6 horas, levamos mais de 11 horas viajando por estradas péssimas e parando em cada esquina para pegar passageiros. O ônibus também é péssimo (sujo, sem banheiro, sem ar condicionado). Até hoje não entendo, mas antes de chegar a Tirana o ônibus foi até a costa do país (Durres), o que olhando no mapa não faz sentido algum, ou seja, ficamos muito arrependidos de não ter feito o trajeto com o motorista particular. Perdemos um dia inteiro em uma das piores viagens que já fiz! 

Quando chegamos ao hotel em Tirana, fomos informados que o tipo de quarto que tínhamos reservado não estava disponível (duplo com varanda). Bem, depois daquele dia, e com o humor nada bom, brigamos até que nós arrumaram outro quarto que tinha entrada por dentro de um shopping center,  com a promessa de trocar de quarto no dia seguinte. O pior de tudo é que a recepcionista não falava bem inglês e tivemos que intermediar o problema por telefone com a central do Booking.com em Londres. O hotel não era ruim, o proprietário muito prestativo, mas depois desse problema não o indicaria.

Saímos do hotel ainda escurecendo e como estávamos hospedados em uma região bem central, ainda que já começasse a escurecer, o tempo foi suficiente para conhecer os principais monumentos da cidade (Torre do Relógio, Museu de História Natural, Mesquita Et’Hem Bej, Galeria  e Teatro Nacional  - Todos ao redor da Principal praça da cidade a Praça Skanderberg).

No dia seguinte, saímos cedo do hotel para conhecer melhor a cidade. Logo na saída pudemos observar a doideira que é o trânsito no país. Na realidade é uma guerra de nervos entre pedestres e motoristas, ou seja, atravessa quem for mais corajoso. Nem mesmo tentar aproveitar atravessar perto de crianças ou idosos ajuda, pois os motoristas jogam os carros mesmo! É incrível como nada é respeitado, eles chegam a fechar uma rua inteira, estacionando em filas triplas, quádruplas, etc.  Enquanto houver um espaço eles estacionam e ninguém faz nada.

Tirana é a capital e maior cidade da Albânia, com aproximadamente 600.000 habitantes. É uma cidade relativamente nova, tendo sido fundada em 1614 e tornando-se capital somente em 1920. A Albânia é um país bem antigo e um dos mais pobres da Europa. Quase metade da população é de camponeses e a indústria do país é pouco desenvolvida.

A Albânia até 1992 era uma nação comunista, tendo tido como parceiros primeiro a antiga União Soviética e depois a China, com quem mantiveram uma relação mais forte de ajuda até 1978. Até a queda do comunismo em 1992, poucos estrangeiros tinham autorização para entrar no país.  Esse isolamento do ‘’mundo’’, fez com sua indústria e serviços não se desenvolvesse. É um país que ainda recebe muita ajuda da Itália e da Grécia, ambos os países em crise. São muitos os albaneses que emigram para diversos países da Europa em busca de melhores oportunidades.

Não há muito que fazer em termos de turismo em Tirana e como os preços são bem baixos, fomos caminhar em uma das principais ruas de comércio da cidade. Realmente os preços são baixos, mas muito dos artigos disponíveis são de baixa qualidade ou falsos (camisa de malha masculina R$ 10,00). Chegamos ao bairro mais caro da cidade que é onde ficam as embaixadas e as universidades.  Lá encontramos bons restaurantes e um parque agradável. Só!

A noite fomos a um dos 3 shoppings centers que ficam fora do centro. Na ida foi tudo bem, pois pegamos um táxi em frente ao hotel, mas na volta tivemos um grande problema. Não existe ponto de táxi no shopping. Chamar por telefone nem pensar. Como o shopping fica bem fora do centro, não aceitam corridas. Pensamos em pegar um ônibus, mas como o lugar fica em uma rodovia escura, não tínhamos nem como parar um ônibus para perguntar para onde ia.

Depois de rodar muito, vimos um táxi bem velho parado na porta do shopping. Perguntamos se poderia nos levar ao hotel e, claro, o motorista não falava inglês. Por sorte uma moça que estava ao lado, falou com ele e ‘’arrumou’’ nossa ida ao hotel. O motorista levou mais um cara conosco que seria um amigo de acordo com essa mesma moça. Quando percebemos, estávamos sendo seguidos por outro carro com a tal moça e um terceiro cara dirigindo. No início pensei que fosse coincidência, mas depois vimos que não. Bateu um medão, pois a gente não tinha a mínima ideia de onde estávamos sendo levados. Sei que estava um trânsito infernal e o caro cortava por cima da calçada e o outro atrás. Já estava pensando em saídas, quando vi o Museu que ficava ao lado do nosso hotel. Pedi que parasse, pois havia alguns guardas no local. Quando paramos o cara do outro carro veio, falou algumas coisas com nosso motorista voltou para o carro e saíram juntos.  Nunca mais vou saber o que estava ‘’rolando’’. Foi um medo sem necessidade, pois o shopping não tinha nada demais (bem ruim)!

Se chegar a Tirana não foi fácil, sair nos pareceu pior ainda. Como a cidade não tem rodoviária. É isso mesmo a capital do país ainda não tem rodoviária! Fica muito complicado descobrir as opções de ônibus. Percebemos que a maioria do transporte é feito em Vans que ficam paradas em determinados pontos a espera de passageiros. Nosso destina era Budva em Montenegro e já sabíamos que não existia transporte direto, ou seja, teríamos que seguir até Skodra que fica na fronteira da Albânia com Montenegro e chegando lá deveríamos atravessar a fronteira e pegar um ônibus até a capital que tinha passagem por Budva. Ainda bem que a cidade não oferece muitos atrativos turísticos, pois perdemos um bom tempo procurando. A cada pessoa a quem perguntávamos de onde saia esse ônibus, na tentativa de comprar a passagem antecipada, nos mandava para um lugar diferente.

Depois fomos informados de que era melhor pegar uma Van até a fronteira e chegando lá um taxi para nos levar do outro lado, onde pegaríamos um ônibus. Todas essas informações nos foram repassadas pelo Concierge do Hotel Intercontinental Tirana (o melhor da cidade).  A outra opção seria pagar um táxi direto que nos cobraria 150 euros. Mesmos dispostos a pagar os 150 euros, não encontramos nenhum motorista disposto a fazer a viagem no dia seguinte. Só no dia seguinte entendemos o motivo de não quererem nos levar direto a Budva. É cobrada uma taxa de 30 euros por carro que atravessa a fronteira e, por isso eles preferiam nos levar somente até a fronteira.

Acho que traumatizados pela viagem de Skopje para Tirana, continuamos procurando por um motorista disposto a fazer o percurso, até descobrir de onde saiam as Vans, que seria a segunda opção (O ônibus até Skodra custa 500 Lek). As Vans são muito velhas, compradas na Alemanha depois de não serem mais permitidas de rodar naquele país. Não conseguimos achar um motorista (até porque quase ninguém falava inglês). No dia seguinte, no café da manhã, do hotel onde estávamos hospedados, fomos recebidos pelo proprietário que queria pedir desculpas pelo problema no dia da nossa chegada. Acabou que ele conseguiu um amigo que nos levaria até Budva por 120 euros. Na realidade ele nos levaria até a fronteira por 60 euros e chegando lá nos trocaria de carro para atravessarmos a fronteira e continuarmos viagem direto até Budva, pagando mais 60 euros para o segundo motorista. Acordo fechado fomos nós...

O primeiro motorista era uma ‘’figura’’ e apesar de não entender inglês, falava sem parar. Como ele falava um pouco de italiano, conseguimos até entender algumas coisas, como de que já havia morado algum tempo na Alemanha trabalhando por falta de emprego, dos baixos salários, da prostituição, das drogas e do alto nível de corrupção na Albânia. Tudo isso aliado às paisagens do caminho, muitas vezes me senti como se estivesse no Brasil. Ainda assim foi uma viagem engraçada.  As estradas ora são boas, ora péssimas nos levaram a Skodra.

Antes da fronteira, em uma parte isolada da estrada, outro táxi já nos esperava com as portas abertas. Nosso motorista foi tão rápido para levar nossas bagagens e partir que parecia que estávamos fazendo algo altamente ilegal. Quando entrei no carro, já não sabia se nossas malas estavam no carro, de tão rápida que foi a troca.

Dessa vez era um carro bem pior e o motorista um senhor bem velhinho que também não falava nada em inglês.  Atravessar a fronteira demorou bastante, pois tinha uma fila de carros enorme. Logo após atravessar a fronteira já era fácil perceber a diferença de um país para outro. A estrada até Budva era bem melhor sinalizada e com melhor asfalto. O cuidado com as casas e com a limpeza pública era nitidamente melhor do que havíamos notado na Albânia. Chegando a Budva, esperávamos que ele nos deixasse no hotel, porém ele insistia em nos deixar na cidade, pelo menos era o que entendíamos. Mostrava o mapa para ele com o endereço do hotel e ele fazia sinal de que não entendia. Tive que ligar para hotel para que explicassem ao motorista onde ficava o hotel. Passei o telefone para ele, e foi só ai que descobrimos que ele também não falava a língua local. A saída foi pegar outro táxi. Ufa! Outra aventura, mas certamente melhor do que os ônibus que havíamos utilizado para chagar a Tirana.

Se eu voltaria? A Tirana não! Apesar disso, tenho interesse em voltar para conhecer a Riviera Albanesa, principalmente na parte que faz fronteira com a Grécia. Quem sabe consegue tirar a má impressão que ficou do país?


    Torre do Relógio e Mesquita El Hem Bej
    Museu de história natural
    Opera e Teatro Nacional 
   Praça Skanderberg
    Rio 
    Interior da Mesquita
    Interior da Mesquita
   Parque da cidade 
    Prédios Coloridos
    Prédios coloridos
   Rua Myslym Shyri
    Parque Central
   Comércio
   Rua Myslym Shyri
    Prédios típicos 
    Bairro das Embaixadas 
    Comércio popular 
    Universidade de Tirana
    Rua principal que dá acesso a Praça Skandenberg 
    Construções 
    Praça Skandenberg a noite

Um comentário:

  1. Olá, boa noite!!
    Amei o seu texto, e toda essa sua experiência. Muito interessante!
    Estou indo para Lisboa em 5 meses e de lá irei visitar Dürres na Albânia, gostaria de algumas dicas, não domino o inglês mas sou fluente no Italiano, espero não entrar em enrascadas rs.
    Abraço!

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